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Lusa Manteigas, Mons Herminius, Portugal
Descendente de Comínio, chefe tribal conhecido pelos relatos dos Romanos como Dux Latronorum. Durante a tentativa de invasão romana da Ibéria os resistentes serão comandados por Viriato (de viria, ou bracelete, a partir de 154 a.C.)

4 de março de 2009

IV - III - MMIX


Viriato (179-139 Bc.)


Após a segunda guerra púnica* (218-201 a.C.), Roma dominava o Leste e o Sul da Península Ibérica. As zonas Oeste e Norte eram ainda dominadas por populações indígenas (iberos) e celtas. Uma federação de tribos lusitanas, que habitavam as regiões mais ocidentais, resistiu à penetração romana, sob a liderança brilhante de Viriato, de 147 a 139 a.C..


O APARECIMENTO DE VIRIATO



As batalhas entre tribos lusitanas e o império romano tiveram início cerca do ano 193 b.C..

Viriato é citado por Diodoro ( XXXIII ) que diz que Viriato "nascera na Lusitânia, cerca do Oceano. Supôe-se que Viriato, filho de Comínio, terá nascido na localidade de Aritius Vetium (actual Alvega - Abrantes). Dizem os antigos biógrafos, como Orósio, Diodoro, Lívio e outros, que Viriato, na sua mocidade, terá tido de algum modo acesso a vários aspectos culturais e experiências para além das actividades de pastor de rebanhos e caçador. Estas mais valias permitiram que desenvolvesse a guerra de guerrilha com estratégias e tácticas sofisticadas chegando mesmo, mais tarde, a “provocar” um diálogo positivo com os representantes de Roma e alcançar, inclusive, a designação de "Amicus Populi Romani", ou seja, aliado em paz com Roma.

Lucílio chamou-lhe o "Aníbal bárbaro", igualando o seu génio militar ao do grande general cartaginês. A sua estratégia foi a luta de guerrilhas muito popular com os guerreiros hispanos, mas usada por Viriato não já só para a defensiva, como também para o ataque.


Em 150 a.C., o pretor romano Sérvio Sulpício Galba aceita uma proposta de paz, em que se incluía o desarmamento dos lusitanos. No entanto, Galba não cumpriu a sua parte do acordo, procedendo ao massacre de cerca de 10 mil lusitanos, em que mais de 30.000 lusitanos foram assassinados (homens, mulheres e crianças foram vendidos como escravos nas Gálias). Viriato, afortunadamente, foi um dos poucos sobreviventes a esta chacina.

Viriato surge na História quando, em 147 a.C., se opõe à rendição dos lusitanos a Caio Vetílio, que os tinha cercado no vale de Betis, na Turdetânia. Viriato lembra aos seus companheiros a traição anterior de Galba, demonstrando-lhes que os romanos eram falsos, sem palavra e que já os haviam atraiçoado miseravelmente. Conseguindo convencê-los é eleito chefe.

A fama de Viriato como guerreiro e estratega foi crescendo entre as várias tribos lusitanas permitindo-lhe tornar-se o líder efectivo de uma aliança de tribos lusitanas que pela primeira vez na história se unem por um objectivo comum.

Os romanos são derrotados no desfiladeiro de Ronda que separa a planície do Guadalquivir da costa marítima da Andaluzia, provocando nas fileiras inimigas uma espantosa chacina, tendo morrido o próprio Vetílio.

Em 145 a.C. Quinto Fábio Máximo, irmão de Cipião "O Africano", é nomeado cônsul na Hispânia Citerior e é encarregado da campanha contra Viriato ao comando de duas legiões. Ao princípio tem algum êxito, mas Viriato recupera e em 143-142 a.C. volta a derrotar os romanos em Baecula obrigando-os a refugiarem-se em Córdova.

Simultaneamente, seguindo o exemplo do chefe lusitano, as tribos celtibéricas da Hispânia Citerior (Belos, Titos e Arevacos) revoltam-se contra as prepotências romanas iniciando uma luta que só terminará em 133 a.C., com a queda de Numância.

Em 140 a.C. Viriato derrota o novo cônsul Fábio Máximo Serviliano matando mais de 3.000 romanos, encurralando o inimigo e podendo destroçá-lo; no entanto, deixou Serviliano libertar-se da posição desastrosa em que se encontrava em troca de promessas e garantias tais como a de os lusitanos conservarem o território que haviam conquistado. Em Roma, esse tratado de paz foi mais tarde considerado humilhante e vexatório; como consequência, o Senado romano volta atrás na sua palavra, e declara guerra a Viriato.


A destruição de Cartago, o principal centro de oposição ao poder de Roma, terá sido um elemento importante na viragem da guerra, pois Roma pôde reforçar as suas tropas nas restantes frentes, incluindo claro, a frente ibérica.

Em consequência da atenção e poder militar concentrado de novo na Ibéria, para além da desmilitarização lusitana que entretanto aconteceu, as tropas romanas conseguem levar Viriato a refugiar-se a norte do rio Tejo num lugar denominado "monte de Vénus" (presumivelmente localizado entre Cáceres e Badajoz). Face aos avanços do general romano Quinto Servílio Cipião, Viriato, em posição difícil, envia três emissários (Audax, Ditalco e Minuro) para negociar a paz.

Em 139 a.C., Viriato foi assassinado durante o sono por estes seus emissários. Após o assassinato estes refugiaram-se junto do procônsul romano Servílio Cipião reclamando o prémio prometido. No entanto, o procônsul ordenou a execução destes, tendo os três ficado expostos em praça pública com os dizeres "Roma não paga a traidores".

O exército lusitano, chefiado por Táutalo, até então o braço direito de Viriato, tentou ainda uma incursão contra os territórios do Sul mas foi vencido.


A morte de Viriato - José de Madrazo


Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a magrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.


Fernando Pessoa, in Mensagem



Camões Imortaliza Viriato nos Lusíadas


Assi o gentio o diz. Responde o Gama:
Este que vês, pastor já foi de gado;
Viriato sabemos que se chama,
Destro na lança mais que no cajado;
Injuriada tem de nome a fama,
Vencedor invencíbil, afamado.
Não tem com ele, não, nem ter puderam,
O primor que com Pirro já tiveram;

in Lusíadas, Canto VIII, Estrofe VI


Depois da morte de Viriato, Decius Junius Brutus conseguiu finalmente marchar para Norte, através da Lusitânia central e dominar a Gallaecia. Começa então, efectivamente, a ocupação romana do extremo ocidental da Hispânia.

Após a governação de Júlio César o Imperador Augusto funda a cidade de Emerita Augusta (hoje Mérida) no ano 25 a.C., tornando-a a capital da província romana Lusitania que fora por ele constituída no ano 5 a.C..

A luta lusitana pela independência continuaria mais tarde através do apoio a Sertório passando também pela criação de um estado lusitano na zona oeste da península ibérica no séc. I b.C..

A identificação de Portugal com a Lusitania e dos antecessores dos portugueses como sendo os lusitanos (ideia que está na origem do título dos "Lusíadas" de Camões), é hoje largamente ignorada mas a criação da Lusitania terá certamente tido influência na formação de um reino independente chamado Portugal vários séculos mais tarde.


(*) Segunda Guerra Púnica: segunda série de guerras entre a República Romana e o Império Cartaginês (ou Púnico - palavra derivada de Phoenike, como os Fenícios eram então designados pelos romanos), das quais resultou a hegemonia romana sobre o Mediterrâneo Ocidental.


Os Portugueses consideram este seu remoto antepassado lusitano uma das mais belas e sugestivas figuras simbólicas do espírito de independência, de estóica heroicidade e de sacrifício total pelas liberdades pátrias. Em 1940 foi erigida em Viseu uma estátua à memória de Viriato.


A Espanha considera também Viriato (e é correcto, pois Viriato é um herói hispano muito anterior à formação das nacionalidades ibéricas) como seu antepassado tendo anteriormente feito o mesmo, erguendo-lhe uma estátua em Zamora, que contém na base a sugestiva legenda:


TERROR ROMANORUM.

(Condensado de Dicionário de História de Portugal de Joel Serrão )

Eadem mutata resurgo*

A IV de III de MMIX invoca-se o ancestral ícone que fez da guerrilha a sua forma de luta e a expressão última de defesa do seu território e das suas gentes. Pela primeira vez na história tribos lusitanas uniram-se sob a liderança de um homem que era respeitado pela sua coragem, pela sua destreza e pelo seu espírito guerreiro.

Viriato, que fora caçador e apascentara rebanhos na zona de MONS HERMINIUS (actual Serra da Estrela), marcou a História Ibérica e Romana deixando há cerca de dois mil e cem anos na Hispânia a herança de vincados valores como o sentimento de Independência, de Território, de Pátria, de Sacrifício e Liberdade.

Hoje outro tempo, necessidades variáveis, adulteração de prioridades e gentes que não são “as gentes”. Os valores e os sentimentos evocados há dois milénios mantiveram uma constância da sua ideia, perpetuaram no tempo as suas reinvenções e as suas causas (por vezes desvirtuadas) enquanto as memórias e a vontade de fazer mais e melhor representam, actualmente, a nossa melhor arma para combater o comodismo, a apatia e arrancar ao tempo a voracidade que este nos inflige no dia a dia.

Este blog tem a sua identidade enquanto espaço de conversa público ou salão Maior de Debate, de Ágora ou reservados Claustros. Ele próprio, pela sua natura empreenderá o seu ritmo e fará do tempo o momento em que a comunidade ou grupo daqueles que pretenderem participar, convergem em debates e ideias para defender pontos de vista e trilhar novas montanhas de novidade e conhecimento.

A liberdade do Verbo será privilegiada e concedida sempre que se cumpram as regras da boa educação e se respeite a diferença. Não pactuarei com ofensas nem muito menos com fraudes mentais. Quem entender participar terá de perceber que é detentor de uma responsabilidade e que será essa responsabilidade a evocar a sua sanidade mental.

Aqui serão abordados assuntos variados do nosso País mas em especial DE e SOBRE a Vila de Manteigas.

Não pretendo substituir os blogs Institucionais já existentes com o fim explícito e implícito de promover o Concelho nem muito menos os criados a título particular ou com eles fazer concorrência. Tal como cada um, darei um pouco da minha personalidade, do meu tempo, das minhas ideias e das minhas expectativas e como é óbvio dar a conhecer descobrindo na última fronteira da comunicação MUNDIAL (internet) o pacto de falar através do tempo.

Aprender a falar do nosso tempo no nosso tempo enquanto Homens é o desafio. Deixarei que este espaço seja também o confronto sem se assumir como o conflito; a liberdade sem se assumir a anarquia; a razão do que pensamos e como o pensamos e não a forma como atacamos e desvalorizamos o intelecto ou a pessoa.

Crescer é feito de simples particularidades: saber o mais possível no menor tempo impossível… será por isso que o saber não ocupando lugar promove a nossa ignorância proporcionalmente?

A todos os que pretenderem participar, deixar um testemunho ou apreciar como passeio internauta desde já BEM VINDO por ter descoberto o blog e um sincero BEM HAJA por ter passado e/ou participado.

*Embora mudado ressurjo