Lamento que na Grécia não tenha ido avante com o referendo, apesar das consequências nefastas que daí poderiam resultar mas a partir desse momento, a Europa para as Agências de rating seria “lixo” para um qualquer investimento. Abria-se uma fenda profunda nas relações entre alguns países da União Europeia porque afinal, qualquer um poderia pôr em causa um acordo “troikano” com sérios riscos de ser nulo. Mas isso não seria um mal maior porque infelizmente é já um mal incontornável. O Sul da Europa está asfixiado e sem excepção vai encalhar nos próximos anos num mar de pagamento de juros e dívidas. Não somos menos europeus e menos honrados por esse mundo fora quando recebemos de mão beijada subsídios que nos calaram e acomodaram durante anos. Somente falhámos onde outros tiveram sucesso: na coragem de dizer NÂO a subsídios que nos bloqueavam a produção. E o erro da Europa foi “patrocinar” a NÃO produção. Imaginem um patrão dizer ao empregado: “Tens capacidades óptimas e competências para ser o melhor mas prefiro compensar-te com um subsídio superior ao teu ordenado, para manteres as tuas capacidades e competências e nada produzires. Ter-te a produzir riqueza para a minha empresa obrigava-me a dispensar outros empregados, apesar mesmo de poupar muito mais com essa medida”. Claro que o que se nos depara no dia-a-dia é o oposto mas quando nos foram concedidos uns subsídios para adormecer a nossa agricultura, outros estavam a ser dados e promessas políticas a ser feitas sem peso e medida: tudo era possível.
Economias com agricultura estagnada e sem subsídios não funcionam. Nenhum país com as condições climatéricas e solos como o nosso, se pode dar ao luxo de receber dinheiro quando nas planícies, montes, serras e costa marítima, temos aquilo que ninguém pode pagar: autonomia.
Para termos problemas resolvidos a longo prazo necessitamos de soluções de curto prazo com consequências de longo prazo e desta forma, a solução passa por renegociar as quotas do leite, dos cereais, da fruta, do gado ovino e caprino, da pesca… no fundo, reestruturar a nossa agricultura, as pescas e a pecuária na mesa das negociações de Bruxelas. Depois sim, produzir aquilo que é nosso em quantidade com qualidade e pagar as dívidas.
Afinal o que ganhou a Europa com o nosso sector primário parado estes anos todos? Nada. Afinal o que ganharam alguns países do norte da Europa com o nosso sector primário parado todos estes anos? Uns euros (não terão sido uns milhares de milhões?). Afinal o que se ganha com o nosso sector primário parado? Resposta: DÍVIDAS.