PRISMA

PRISMA

Acerca de mim

A minha foto
Lusa Manteigas, Mons Herminius, Portugal
Descendente de Comínio, chefe tribal conhecido pelos relatos dos Romanos como Dux Latronorum. Durante a tentativa de invasão romana da Ibéria os resistentes serão comandados por Viriato (de viria, ou bracelete, a partir de 154 a.C.)

24 de outubro de 2012

O contágio político da inércia


Há um ano pensei escrever parte do que aqui se encontra mas julguei sensato evitar profetizar sobre a conjuntura nacional. Hoje, escrevo metade do que teria sido escrito porque a outra, acabou por se tornar real. Além de verosímil, entranhou-se estruturalmente no país e passou a ser o dia a dia de milhares de pessoas. Agora, com o risco de ser insensato e ousado, escrevo aquilo que poderá cada vez mais ser uma realidade.
Quando uma larga maioria pensava que a mudança de Governo iria provocar corajosas reformas com benefício para o erário público, consequentemente para o país, estávamos longe de descobrir, que o “mexerico” político de derrubar e eleger governos, seria um jogo de pura cosmética da “diplomacia” nacional. Após um ano de governação técnica e assessorado pelos iluminados gestores de dívidas internacionais e em conjunto com a “falida” Comissão Europeia, conseguiu-se em ano e meio, o insucesso de afundar nações como a Grécia e Portugal. Como exigir credibilidade quando se impõem as medidas de choque do laboratório Económico denominado Troika e em seguida, no respeito dos devidos prazos, os resultados representam tecnicamente, um agravamento conjuntural e uma falência a todos os níveis? Este país já não é o meu país. Eu não me identifico com estes políticos nem com as suas políticas. Eles não se revêm mais no povo nem nos seus valores. Este é o país dos ladrões que elegemos para nos tirarem a democracia, é o país dos que nunca fizeram uma revolução intelectual para pensarem por um país.
Eu temia este cenário mas sabia que era possível evitá-lo se coragem política existisse na renegociação de políticas económicas comuns nos Estados Europeus. É necessário reaver quotas de produção e de exportação para o nosso mercado interno recuperar o saldo positivo da sua balança comercial. É necessário empresas europeias deixarem de investir em outros mercados que não o Europeu e deixarem de usufruir de incentivos fiscais como almofada. É perentório, reconstruir uma Europa que parece ter saído de uma epidemia, guerra ou catástrofe natural. Os países faliram: como? A esta pergunta nenhum iluminado do FMI, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu dá resposta, ninguém apresenta os rostos dos culpados ou das reformas políticas, jurídicas, económicas e sociais que incontornavelmente tinham de ser feitas. Somos, todos sem exceção, vítimas de erros que são exclusivamente humanos, exclusivamente de políticas internas erradas, de estratégias europeias de crescimento erradas, de contágios “inventados” entre a crise americana e a crise europeia. Somos vítimas de um sistema fiscal que esgotou a hipótese de ter um único imposto justo, aquilo que devia ser uma contribuição proporcional à riqueza adquirida, é agora uma cobrança forçada à riqueza inexistente. Cobram-se impostos sobre uma riqueza nacional inexistente. Os cidadãos pagam valores fiscais superiores a um orçamento familiar digno para a educação, saúde, alimentação e cumprimento dos seus encargos.
A nossa máquina fiscal não é pesada e injusta quando comparada com a nossa máquina política que é inerte, rasca e cobarde. Inerte porque aceita todas as imposições externas; rasca porque se há portugueses a viver com ordenados inferiores ao ordenando mínimo, os políticos deviam, apenas ter no momento de crise, ajudas de custo com limite até dois ordenados mínimos (é uma honra ser herói e assumir o cargo de político neste contexto); cobarde porque é inerte e rasca. Não temos políticos com coragem para assumir as consequências das suas decisões e dos poderes que os seus cargos representam.
Acredito que o Euro, enquanto moeda e regulador monetário, terá o seu fim. É uma epopeia governar um país, seja ele qual for, apenas e através do sistema da “máquina fiscal”. Quando o desemprego aumenta e as gerações futuras, intelectualmente e curricularmente mais bem formadas de sempre, emigram à mesma velocidade que uma empresa abre falência, ficam visíveis as evidências basilares que estruturam e asseguram, a viabilidade económica de um país. É impossível haver uma só moeda para economias claramente desiguais e além disso, a Europa representa a união de Estados com valores superiores às suas identidades: é uma união plural de poderes consignados em constituições e reforçada, em Tratados e Acordos de cooperação e desenvolvimento. É indiscutível negar que até ao presente, aquilo que mais tem preocupado os Estados Membros, é a viabilidade da moeda de um grupo de países em que, a cada 12 meses, há um que declara falência.
Há questões estruturais na Europa que terão de ser repensadas e há necessidades internas, que urgem ser solucionadas. È premente convocar os intelectuais e revitalizar a mente dos que governam, reeducar necessidades, assumir compromissos socias com seriedade e sem rodeios. A Europa, a cada dia que passa, torna-se cada vez mais um roteiro histórico de civilizações fracassadas economicamente, socialmente, juridicamente, politicamente e estruturalmente. È a demência dos números que acelera a cegueira dos bancos e a ganância de homens de lucro especulativo.
Até quando é que os políticos vão silenciar a sua conivência? Quanto tempo demora que uma voz de poder num cargo de poder, rebata com punho e vontade, uma minoria agressiva e mordaz?
Revejo-me numa Europa de valores que existiu quando os homens sabiam falar de um sentido estratégico e comum para um grupo de Estados. Acredito na vontade de mudanças profundas mas acima de tudo, temo que o poder regresse às mãos dos povos pela revolução violenta e drástica que a inércia dos políticos europeus. Somos filhos de revoluções democráticas e conquistas universais ou escravos do capital que se pede emprestado, para alimentar as bocas dos que há anos se alimentam e nunca se saciam?
Vale a pena repensar a Europa, vale a pena repensar Portugal se tudo for feito por quem de direito e sem repensar nas consequências dos que ganham a vida à custa das falências que provocaram. Estamos falidos, estamos endividados mas desconheço um boato ou notícia de que se tenham queimado milhares de milhões de euros. Onde estará esse dinheiro quando já não se encontra nos cofres dos Estados?
Escrever mais sobre este assunto seria assumir o risco de especular: não o farei. Levanto questões e deixo reflexões. A solução não será consensual mas para existir justiça, o consenso é prescindível. Este é o momento de os culpados se sentarem no banco dos réus e não nos Bancos de empréstimo para pagar dívidas que o povo não contraiu. O povo, o único compromisso que assumiu, foi falseado e deturpado por homens que usaram o poder para enriquecer e usufruir de privilégios que lhes possibilita a imunidade. Observam a desgraça de milhões a partir da bancada de um parlamento e de uma presidência, é triste a trincheira em que se escondem.
No final de contas feitas, para além das efetuadas pela banca, há uma dívida política por cumprir com um país: cumpra-se!
Ao contrário de grande maioria dos políticos, o povo apenas quer o que lhe pertence: o cumprimento dos direitos consignados na Constituição e das leis jurídicas do seu país: cumpram-se!
Se temos políticos à altura dos cargos para que foram eleitos, é este o momento de se mostrarem, é este o momento de darem a cara com coragem e inverter um processo a que nem os “génios da Troika” conseguem pôr cobro.
Até quando políticos inertes, rascos e cobardes?

Sem comentários:

Eadem mutata resurgo*

A IV de III de MMIX invoca-se o ancestral ícone que fez da guerrilha a sua forma de luta e a expressão última de defesa do seu território e das suas gentes. Pela primeira vez na história tribos lusitanas uniram-se sob a liderança de um homem que era respeitado pela sua coragem, pela sua destreza e pelo seu espírito guerreiro.

Viriato, que fora caçador e apascentara rebanhos na zona de MONS HERMINIUS (actual Serra da Estrela), marcou a História Ibérica e Romana deixando há cerca de dois mil e cem anos na Hispânia a herança de vincados valores como o sentimento de Independência, de Território, de Pátria, de Sacrifício e Liberdade.

Hoje outro tempo, necessidades variáveis, adulteração de prioridades e gentes que não são “as gentes”. Os valores e os sentimentos evocados há dois milénios mantiveram uma constância da sua ideia, perpetuaram no tempo as suas reinvenções e as suas causas (por vezes desvirtuadas) enquanto as memórias e a vontade de fazer mais e melhor representam, actualmente, a nossa melhor arma para combater o comodismo, a apatia e arrancar ao tempo a voracidade que este nos inflige no dia a dia.

Este blog tem a sua identidade enquanto espaço de conversa público ou salão Maior de Debate, de Ágora ou reservados Claustros. Ele próprio, pela sua natura empreenderá o seu ritmo e fará do tempo o momento em que a comunidade ou grupo daqueles que pretenderem participar, convergem em debates e ideias para defender pontos de vista e trilhar novas montanhas de novidade e conhecimento.

A liberdade do Verbo será privilegiada e concedida sempre que se cumpram as regras da boa educação e se respeite a diferença. Não pactuarei com ofensas nem muito menos com fraudes mentais. Quem entender participar terá de perceber que é detentor de uma responsabilidade e que será essa responsabilidade a evocar a sua sanidade mental.

Aqui serão abordados assuntos variados do nosso País mas em especial DE e SOBRE a Vila de Manteigas.

Não pretendo substituir os blogs Institucionais já existentes com o fim explícito e implícito de promover o Concelho nem muito menos os criados a título particular ou com eles fazer concorrência. Tal como cada um, darei um pouco da minha personalidade, do meu tempo, das minhas ideias e das minhas expectativas e como é óbvio dar a conhecer descobrindo na última fronteira da comunicação MUNDIAL (internet) o pacto de falar através do tempo.

Aprender a falar do nosso tempo no nosso tempo enquanto Homens é o desafio. Deixarei que este espaço seja também o confronto sem se assumir como o conflito; a liberdade sem se assumir a anarquia; a razão do que pensamos e como o pensamos e não a forma como atacamos e desvalorizamos o intelecto ou a pessoa.

Crescer é feito de simples particularidades: saber o mais possível no menor tempo impossível… será por isso que o saber não ocupando lugar promove a nossa ignorância proporcionalmente?

A todos os que pretenderem participar, deixar um testemunho ou apreciar como passeio internauta desde já BEM VINDO por ter descoberto o blog e um sincero BEM HAJA por ter passado e/ou participado.

*Embora mudado ressurjo